As noites

Noites e noites e noites. Sozinha, mesmo quando no meio daquelas pessoas. Elas não sabem nada. Posso sorrir quando estou com elas, posso rir, delas, com elas. E julgam que partilho as suas sensações. Consigo enganá-las sem sequer me esforçar.

Engano-as porque não posso correr o risco que percebam. As noites. Sozinha. A inevitabilidade. Não posso correr o risco das perguntas. Posso enganá-las com os sorrisos mas não as posso enganar com as mentiras. Disfarço apenas quando não perguntam, quando não exploram, quando não tentam.

Por isso finjo. Finjo interesse. Excitação. Empenho. Mas são todas manifestações vazias da marioneta que me dirijo. Consigo enganá-las.

Todas estas pessoas. Pessoas. Pessoas. Pessoas. Que dizem coisas sem sentido e vivem herméticas nas suas vidas com objectivos. Detesto-as porque me aborrecem com os gestos correctos, as acções controladas e horas de sono certas. Detesto-as porque me irritam com os descontrolos ocasionais, as vidas inconsequentes. E não se importam com isso.

Noites e noites. Sozinha. Quando ando pelas ruas acompanhada pelos fantasmas que nãos se vêem, mas que sei que me perseguem. Finjo. Finjo. Decisões e objectivos que me são indiferentes. E torno-me um deles para eles que fingem não me ver.

Noites. Só, entre os loucos.

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