Perdida

Era naquela cidade aldeã que me perdia de mim. Enquanto todos os outros pareciam encontrar. Talvez não encontrar-se, mas encontrar. Alguém, alguma coisa, ou o nada que procuravam.

Eram poucos os momentos de clareza que me impunha enquanto me olhavam à espera de respostas novas, de decisões determinadas. E perdida, tinha uma imensa vontade de rir. De todos eles que me julgavam clarividente. Mas ninguém podia ver. As ideias velozes que gladiavam na minha mente. As confusões incoerentes que me apertavam os pensamentos. Nem eu as sabia. Reconhecia uma parte sem saber qual era. E eles não podiam saber.

Como um autómato de funções, eu continuava pela obrigação do que era justo, racional. E era no caminho de volta a casa, nas noites contínuas de incerteza, que eles apareciam. Para não me deixar descansar.

Nesta cidade da solidão, temia os loucos pela realidade que traziam. A minha semelhança.


 

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